Música, forma de arte desde tempos imemoriais, constitui uma expressão humana e que ao longo dos milénios, sempre se apresentou de diversas formas, de acordo com os contextos temporais, sociais e até políticos de cada época histórica.
Assumiu desde sempre uma presença constante nos mais variados momentos dos povos, servindo de factor de distinção de culturas e modos de vida de países, ligada a celebrações de alegria e de vida como casamentos, mas também a momentos de partida como rituais ligados à morte através dos funerais.
No mundo moderno, sobretudo a partir do século XVIII, designadamente com a existência de bandas militares, foi-se então generalizando a prática da música em comunidade distanciando-se de formas mais elitistas que até então aconteciam nos palácios dos senhores detentores do poder, que organizavam eventos e festas, muitas vezes como complemento das suas vidas ociosas longe dos problemas mais terrenos na luta pela sobrevivência, das camadas mais desfavorecidas da sociedade.
Em Portugal e designadamente no Distrito de Lisboa, considerando a 2ª metade do Século XIX, no chamado período da Regeneração, portanto durante a Monarquia Constitucional, até ao início do século XX com a implantação da República em 1910, no ensino da música assistiu-se a uma organização de agrupamentos civis de músicos, que aproveitando os modelos organizativos das bandas militares, foram um factor decisivo na criação do Movimento Associativo, em que as actividades culturais, nomeadamente música e teatro, eram muitas vezes senão a maioria delas uma forma do povo trabalhador ter acesso a momentos de lazer e convívio, que lhes permitia aliviar as agruras do trabalho duro, difícil, e mal pago.
Num tempo onde a cultura palaciana desempenhava uma forma de diferenciação de classe, e em que o ensino generalizado era ainda um bem inexistente, as colectividades que foram sendo criadas, constituíram-se como elemento decisivo no acesso ao conhecimento partilhado e democratizado, e muito particularmente na aprendizagem da música de uma forma estruturada e acompanhada. Nesse ponto a Sociedade Filarmónica União Pinheirense fundada segundo os registo mais fidedignos nos primeiros anos da década de 1920, tornou-se um pilar importante no âmbito do Conselho de Loures, oferecendo muitos momentos de convívio popular, e integrando-se em acções e eventos da vida comunitária que certamente trouxeram algum conforto às populações, de forma geral com carências económicas em tempos para muitos difíceis, em que essa arte milenar que é a música e o seu usufruto, desempenhou pela acção das agremiações filarmónicas, um papel decisivo. Nos dias de hoje embora já não exista banda filarmónica na nossa instituição, a Escola de Música da SFUP constitui uma fonte de formação de novos músicos, que serão o permanente alimento para a nossa Orquestra Ligeira, que desde a sua fundação em 2003, contribui para um concelho que integre jovens cada vez mais cidadãos responsáveis e atentos. Mesmo no presente contexto da pandemia que nos assolou as nossas portas estão abertas para todos e todas que se queiram inscrever nas diversas disciplinas instrumentais, piano, guitarra, bateria, flauta e clarinete, etc.
Venham ter connosco.
Paulo Lobão
(O autor segue o acordo ortográfico de 1945/antigo acordo ortográfico).